Quase cheguei ao céu e vi Deus. Deus era uma mulher. Deusa. Olhou-me profundamente em minha alma e chorou. Chorou copiosamente. Levantei-me para abraçá-la, mas ela me impediu e disse, com uma voz suave e sussurrante: “Não faça isso! Se me abraçar, precisarei levar-te comigo. Ainda não é sua hora! Volte!”. Assustada, abri meus olhos e me vi deitada em minha cama, no escuro. As pás do ventilador girando na sombra das luzes que entravam pelas frestas da janela. Uma dor bateu em meu peito. O coração acelerou e parecia que o mundo girava tão rápido quanto aquele ventilador de teto. Respirei. Senti, aos poucos, meu coração voltar ao ritmo normal. Teria passado quanto tempo? Um minuto? Dois, três, dez minutos? Consegui adormecer novamente. Mais uma vez, um sonho. Cactos. Eu estava em uma estrada de cactos. A terra subia e ventava muito. Fui jogada de encontro a um dos arbustos, cheio de espinhos. Mais uma vez senti a dor dilacerar meu peito. Abri os olhos e vi vários botões de flores nascendo na árvore de cactos. Foi nesse momento que vi o belo, a luz e senti que para cada espinho, uma flor. E para cada flor, uma dor.
Escrevo para não falar sozinha
21 de maio de 2018
11 de janeiro de 2018
A(ves)so - ou a antítese do meu ser
A dor move montanhas,
então busco nas lágrimas
uma força que já não tenho.
Dentro do meu peito,
tenho refém um coração,
que grota, que sangra
e não reclama socorro.
No caminho, escorrego,
levanto, sacudo a poeira
e corro novamente,
enquanto todos os ossos
de meu corpo quebram.
Estou aos pedaços,
estou no silêncio,
estou na angústia
do dia, da noite.
O preto e o branco são antítese
de meu ser,
e eu só sigo caminhando.
uma força que já não tenho.
Dentro do meu peito,
tenho refém um coração,
que grota, que sangra
e não reclama socorro.
No caminho, escorrego,
levanto, sacudo a poeira
e corro novamente,
enquanto todos os ossos
de meu corpo quebram.
Estou aos pedaços,
estou no silêncio,
estou na angústia
do dia, da noite.
O preto e o branco são antítese
de meu ser,
e eu só sigo caminhando.
20 de maio de 2017
o corpo sublime
o corpo flui
em toques,
suores, salivas.
o corpo é mapa,
tesouro escondido,
fonte de luz.
o corpo degusta,
rompe barreiras,
é livre.
o corpo é tesão,
sofreguidão
e volúpia.
em toques,
suores, salivas.
o corpo é mapa,
tesouro escondido,
fonte de luz.
o corpo degusta,
rompe barreiras,
é livre.
o corpo é tesão,
sofreguidão
e volúpia.
19 de abril de 2017
Queria ter as palavras perfeitas
para te oferecer.
Os sonhos mais lindos,
as horas mais longas.
Queria te escutar por horas,
sua risada, suas histórias,
ser teu porto seguro.
Desejo ter cinco minutos nos
pensamentos do seu dia.
Queria te olhar diferente para
que não pudesse doer tanto.
Queria te contar meus sonhos,
meus desejos, sobre meus sentimentos.
Não há ordem nessa história de coração.
Há caos, tormenta, ventania,
mas basta uma troca de olhar,
para que chegue a calmaria.
No espelho da vida,
reconheço-me em você,
te reconheço em mim.
Somos fragmentos espalhados
nessa vida atrapalhada.
Já vivemos nossas cotas de pedras,
porque não abastecer com um pouco de delicadeza?
6 de abril de 2017
Aqui jaz Absurdolândia,
o lugar da ignorância,
da resiliência
e da ineficiência.
Ineficiência dos governantes,
que são pulgas saltitantes
e porcos ultrajantes.
Um país onde o trabalhador não tem vez
e o patrão só mostra estupidez.
Um país que acolhe o feminicida
e despreza a massa entristecida,
que fica cada dia mais desfavorecida.
Esse é o país do magnata,
do ladrão de gravata.
E quem paga as mazelas dessa nação?
somos nós, com esfregão na mão,
com os pés no chão,
com o vencimento da prestação
e com uma dor no coração.
Quem paga é a mulher assediada,
a garota baleada,
a criança estuprada.
O negro subjugado,
O trabalhador escravizado,
O povo vilipendiado.
o lugar da ignorância,
da resiliência
e da ineficiência.
Ineficiência dos governantes,
que são pulgas saltitantes
e porcos ultrajantes.
Um país onde o trabalhador não tem vez
e o patrão só mostra estupidez.
Um país que acolhe o feminicida
e despreza a massa entristecida,
que fica cada dia mais desfavorecida.
Esse é o país do magnata,
do ladrão de gravata.
E quem paga as mazelas dessa nação?
somos nós, com esfregão na mão,
com os pés no chão,
com o vencimento da prestação
e com uma dor no coração.
Quem paga é a mulher assediada,
a garota baleada,
a criança estuprada.
O negro subjugado,
O trabalhador escravizado,
O povo vilipendiado.
23 de fevereiro de 2017
Houve um tempo, uma rosa
Perdida no emaranhado de meus
pensamentos, houve um tempo em que as coisas eram mais fáceis. Nunca parei
tanto para pensar naquilo que eu sinto ou que deixei de sentir, nas dores que
colocam meu coração em lágrimas. Houve momentos em que não quis mais estar aqui
ou ali. Eu quis estar e ser notada, mas antes de qualquer coisa eu deveria ter
me notado. Notar que eu posso, sim, demonstrar meus sentimentos, eu posso
sentir, pulsar, vibrar. Eu deveria ter notado que toda minha insegurança não
vem de uma simples timidez, vem de temores maiores e anteriores. Deveria ter
procurado com quem conversar mais cedo, ter me exposto. Expor-me é tão doloroso
quanto uma faca rasgando minha carne. Me congela, me desnuda. Aquela que um dia
fui,m perdeu-se pelo caminho, hoje me sinto melhor, madura, mais alegre, mas
com cicatrizes. Sinto um tesão tremendo pela vida. Sinto aquela insegurança
percorrer cada milímetro do meu corpo. Eu me perco em olhares, me perco em
ilusões. Houve um tempo em que eu apenas brotava, eu apenas crescia, eu apenas
enxergava o que estava a minha vista. Houve um tempo em que o escuro me dava
medo e que o futuro era a escuridão mais chocante. Hoje aquilo que enxergo vai
além da vista, dos sentidos, dos pesares. O que sinto vai além das palavras.
Hoje desabrocho, viva, consciente. Houve um tempo em que era semente, hoje sou
rosa.
14 de fevereiro de 2017
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