21 de janeiro de 2012

quando criança eu sentia alguma coisa diferente, não sabia, não entendia o que era, mas sabia que existia essa diferença. eu olhava para minhas coleguinhas de escola e não gostava de brincar com elas e suas bonecas. mas também não gostava de brincar com os meninos e seus carrinhos. gostava de jogar futebol. gostava de brincar com outros tipos de jogos. não entendia ser menina. não entendia ser menino. entendia ser a mim. ser eu mesma, diferente como eu sentia.
com o passar dos anos, fui esclarecendo algumas coisas. comecei a entender certos sentimentos. mesmo assim, sabia que existia essa diferença. mas não conhecia ninguém com a mesma diferença. os sentimentos são como água em ebulição, principalmente quando pensamos que podemos estar errados. mas também sabia não estar errada. como poderia estar errada? eu estava ali, vivendo, crescendo, morrendo cada dia um pouco.
mais uns anos eu cofirmei que não estava errada, muito menos estava sozinha nesse mundo. existiam outros como eu. talvez não com os mesmos sentimentos. talvez não com os mesmos pensamentos. nem as mesmas aceitações. mas me confirmei ao mundo. me confirmei a mim. e logo um sorriso cresceu em meus lábios.

8 de janeiro de 2012

as duas vezes em que lhe vi
faltou-me coragem dizer-te:
fazes-me falta!
som da chuva em minha janela
aqui dentro, a fumaça do cigarro
me embriaga acompanhado do líquido vermelho do vinho
um livro, uma música
pensamento correndo contra minha vontade

sensatamente feliz
incoerente e voraz.