21 de maio de 2018


Quase cheguei ao céu e vi Deus. Deus era uma mulher. Deusa. Olhou-me profundamente em minha alma e chorou. Chorou copiosamente. Levantei-me para abraçá-la, mas ela me impediu e disse, com uma voz suave e sussurrante: “Não faça isso! Se me abraçar, precisarei levar-te comigo. Ainda não é sua hora! Volte!”. Assustada, abri meus olhos e me vi deitada em minha cama, no escuro. As pás do ventilador girando na sombra das luzes que entravam pelas frestas da janela. Uma dor bateu em meu peito. O coração acelerou e parecia que o mundo girava tão rápido quanto aquele ventilador de teto. Respirei. Senti, aos poucos, meu coração voltar ao ritmo normal. Teria passado quanto tempo? Um minuto? Dois, três, dez minutos? Consegui adormecer novamente. Mais uma vez, um sonho. Cactos. Eu estava em uma estrada de cactos. A terra subia e ventava muito. Fui jogada de encontro a um dos arbustos, cheio de espinhos. Mais uma vez senti a dor dilacerar meu peito. Abri os olhos e vi vários botões de flores nascendo na árvore de cactos. Foi nesse momento que vi o belo, a luz e senti que para cada espinho, uma flor. E para cada flor, uma dor.