22 de outubro de 2014

quero sentir a força do seu desejo
escorrendo em minhas mãos
o doce segredo do seu olhar
vibrando meu corpo
sentir o gosto da sua boca
o pecado da sua pele
e me lambuzar inteira.

12 de outubro de 2014

eu escrevo no intuito de expirar minhas dores. fecho meus olhos, respiro profundamente. nada me impede de viajar além-vida. além-tudo. tudo aquilo que me faz mal. aquelas lembranças que me apodrecem. aquele aperto no peito, aquela falta de ar. pânico. o tudo se torna nada em segundos e a vida é um mero detalhe. a vida é chuva. tristeza que escorre entre bueiros. apaguei meus coloridos. sou vazio. sou escasso. e o grito é apenas desculpa para tirar o fantasma de meus pulmões. 

ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

11 de outubro de 2014

Os segundos se apoderam de nós, transformando-nos em velhas rimas e grandes notas musicais. Somos criaturas-marionetes. Pecamos em nos enganar o tempo todo.
Hoje nossos traços podem ser apagados. São abomináveis frases desconexas. Tudo transcorre em linhas tortas, pois as retas nunca existiram. Somos realmente seres vivos? Uns querendo matar o outro, uns querendo tirar vantagens do outro? Não somos seres. em podemos ser chamados assim. Jamais!
E as palavras saem desconexas.
As palavras são insetos voadores que saem de nossas bocas, são cores de nossas canetas, grafite de nossos lápis.Palavras são poderosas. Jamais verdade universal. Sentimos são axiomas. Sentimento são nossa droga. Drogas nos fazem viajar em todo tipo de sensação.

Qual a sua sensação hoje?

8 de outubro de 2014

A chuva lá de fora
não é a mesma daqui de dentro
[coração]
gota a gota se faz
a tempestade em meu corpo.

trovão de desejos,
paralisia de gozos

A volta nunca é melhor que a ida
e a viagem sempre modifica nossa mente
[comumente]

Sonho meu, sonho teu
mundos distintos e sem força
sofreguidão que não alcança
a boa-esperança.

Pausa.
Pulo.

20 de agosto de 2014

Não traga palavras
Traga sorrisos
Modificar o mundo nem é tão complexo
Traga amor, felicidade, saúde
A gentileza que me estende a mão
Para eu mostrar a minha em solidariedade
Coração é um músculo de paz
E o tempo apenas é para não repetirmos as mesmas coisas
Façamos diferente, sejamos
Sejamos aquilo que queremos no outro
Aí podemos reclamar do outro a possibilidade da paz
Não a paz mundial
Mas a paz interna.

28 de julho de 2014

Olhei pela janela a procura de alguma esperança. Não sabia onde procurar, mas sabia que em mim ainda restava algo que eu pudesse chamar de esperança. Aquela dor não passava. Não conseguia parar de pensar nas pessoas que eu poderia, que irei machucar. Talvez não seja a hora de contar ainda. Ou jamais. Apenas pegar minha moto e sair. Mas algo me imobilizava. O pensamento passou pelas lembranças que minha cama me trazia. Lembranças dela. Lembranças de nós. Serei capaz de abandoná-la também? Serei capaz de trocá-la pelo medo de deixar que ela me veja vulnerável?
A chave rodou na porta. Enxuguei as lágrimas que escorriam e fui até seu encontro na sala. Tenho que encontrar coragem. Preciso de coragem para decidir o que fazer. Deixá-la ou amá-la?

17 de março de 2014

"Alta noite já se ia
ninguém na estrada andava
No caminho que ninguém caminha,
alta noite já se ia
Ninguém com os pés na água..."


Ninguém caminha comigo. Sou só. Sou solidão. Sou muralha indecifrável, impenetrável. No meu caminho apenas sombra. Apenas sobras de falhas. Na manhã ensolarada, pedras e espinhos. Sou rosa. Sou passos marcando a estrada lamacenta. Sou tentáculos. Sou verde e amarelo. Oito ou oitenta. Sou só. Sou furacão devastando cidades, corações, canções. Sou brisa. Sou frio. Vento puxando água dos sonhos na tarde cinza. Sou o olhar daquela menina feliz. Sou a lágrima do bebê chorão. Sou a esperança do jovem e a lembrança do velho. Gotas e gatas. Sou catarse. Sou ópera. Na carta, sou "eu te amo" sincero e "eu te odeio" envergonhado. Não sou nada além disso. Sou tudo, sou nada. Palavras vomitadas na sopa de letrinhas. Sou a noite de inverno. A fumaça do cigarro. Sou ele. Sou você. Sou só. Solidão.

14 de fevereiro de 2014

A linha do pensamento sai em desordem
cria paisagem e desdém
canta o sonho perdido
e deixa o desejo iludido.
O corpo que já não é mais corpo
A mão que desliza a esmo
O olhar que já não está mais lá
A boca que não quer mais beijar.
Enquanto o coração de pedra amolece
As lágrimas molham o travesseiro
Eu não sou mais eu
E você me diz que quem perdeu fui eu.