29 de dezembro de 2008

Olhares

E os olhos se viraram para mim. Todos, sem exceção. Uma roda ia se formando e minha cabeça girava 360 graus. Vários rostos conhecidos, mas também me pareciam desconhecidos. Não entendia o que aquelas pessoas faziam ali, rodeando minha cama. Meu travesseiro estava vermelho. Ou era vermelho? Não me lembro. Minha cabeça doía! Meus olhos estavam pressionados, não enxergava direito. Tudo nublado. Mas... quem eram mesmo aquelas pessoas? Juro que as conheço de algum lugar. De onde mesmo? No canto... no canto havia um homem segurando uma arma e sussurrava para eu ficar atenta. Atenta? Por quê? O que ele fazia com aquela arma? Seus olhos fixaram nos meus. Lágrimas saíam deles. Ele dizia alguma coisa que não entendia, mas parecia que era “não quero fazer isso, me ajude!”. Ajudar, como? Estou presa a esses pensamentos que não me deixam sair daqui. Estou paralisada! Em pânico! Uma arma em minha cabeça, esses rostos desconhecidos, essa gente toda em volta de minha cama. Meu corpo todo pesado, me assusta, me trai. Estou suando e não sinto calor, nem dor! Isso parece um sonho, mas não sinto que seja um. Uma música começou a tocar. Que música é essa? Eu conheço... É do Massive Attack... Daydream! Sim, ela mesmo! Mas... Mas o que é isso em minhas mãos? Meu travesseiro! Ele não era vermelho? Está branco! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! O quê está acontecendo? Quem está aí? O quê vocês querem de mim? De repente, todos começam a falar freneticamente, e juntos! Minha cabeça começou a rodar, rodar, rodar...

26 de dezembro de 2008

Quero te tocar, te beijar
Mas nem sei onde você está
A lua grita meu desejo
e o céu me engole aos poucos
Gotas de suor escorrem.
Meu coração acelera e geme
Geme pelo nome desconhecido
pelo pedido não feito,
pelo pedido não aceito
Geme para meu corpo voltar
e de novo te gritar.

22 de dezembro de 2008

Tatuagem - Chico Buarque

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava

Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço

Quero pesar feito cruz nas tuas coisas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quer ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva

Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes

11 de dezembro de 2008

Meus olhos semicerrados
Procuram teu desejo pela chuva
O ar sopra em meu corpo
Sussurros de paixão e luxúria
A música atormenta meu pensamento
Pensamento que está em você,
Que procura por nós entre ruas tortas,
Que são quase sempre retas.
Doce solidão que me embriaga,
Doce sabor doce!
Doce desejo louco!
Doce vida de liberdade!
Doce paixão,
Que faz de mim um ser livre,
Um ser maior que o céu
E maior do que eu mesma!

28 de novembro de 2008

O que é que acontece aqui dentro, que não consigo entender? Porque é que uma coisa dói tanto e nos faz sofrer dessa maneira? O amor, a paixão não deveria ser lindo, maravilhoso e todas as coisas gostosas que se ouve por aí? Aqui eu não consigo sentir nada disso! Eu não consigo pensar em um só detalhe que possa me fazer me sentir feliz e triste ao mesmo tempo, a não ser esse sentimento que carrego dentro de mim e que me afugenta do mundo, que me atormenta pelas noites e me faz sentir solidão. Nada é tão puro e triste do que o amor. Nada me faz sentir tão viva!

27 de novembro de 2008

Pisando em folhas secas
Na semi-escuridão de minha sala
Com sons de palmas vindo da música
Fumaça indo e vindo do meu corpo
Leveza fluindo pelo sangue-corrente-vermelho
Agora falta a moça que me escapa
Que me encanta
Que me suga da realidade virtual
Caê-Carol-poesia
Viro de um lado para outro
E cá estou...

Vivo líquido sonho felicidade.

26 de novembro de 2008

"Existir é renegar. Que sou hoje, vivendo hoje, senão a renegação do que fui ontem? Existir é é desmentir-se. Não há nada mais simbólico da vida do que aquelas notícias dos jornais que desmentem hoje o que o próprio jornal disse ontem."

Fernando Pessoa - Livro do Desassossego

O invisível

tudo bem se não vem além do sonho
amanhã será igual, será de novo
e não tenho nada pra mudar em você
e não tenho nada pra dizer, porquê...

e não tem porquê partir
e não tem porquê ficar
e não tem porquê partir
não tem porquê duvidar de mim

olha não sou de ferro, não sou de aço
mas sou teu

olha não sou de nada,
não sou ninguém
mas sou teu,
meu bem.

será que eu sou o invisível
o homem que ninguém vê
a mulher que ninguém vê

será que andei por me perder
por me vender
pra viver

acho mesmo que eu sou
o caminho do meio
o bebê que não veio

aquele que ninguém quer saber
o plano era ficarmos bem
irmos pro além mar
o plano era ficarmos bem - bem.

Rick, um grande amigo meu, escreveu essa poesia para uma música que fiz.

22 de novembro de 2008

O avião pousou. Estava nervosa. Sentia seu coração bater aceleradamente. Não sabia mais o que sentia. Ou sabia e não queria confessar. Há cinco anos foi morar em Portugal e não voltava para o Brasil desde então. Não queria mais ver aquele rosto do qual sentia tanta saudade, nem ouvir aquela voz irresistível. Seria o homem de sua vida, caso tivesse algum relacionamento com ele. Nunca o disse, no entanto. Não era o momento. Talvez pudesse o dizer agora, mas eram tão amigos! E não se falavam há tanto tempo!
Ao sair do aeroporto, passou pelo seu apartamento, que só não estava abandonado, porque pagava mensalmente uma mulher para cuidar dele. Comeu alguma coisa rapidamente e saiu. Foi para aquele bar onde sempre freqüentou com ele. Antes de sair de Portugal, mandou um e-mail para que se encontrassem ali. Não sabia se ele iria, pois não viu mais sua caixa de entrada.
Sentou numa mesa e pediu um chopp. Balançava sua perna incessantemente. A angústia tomou conta de sua mente. Pensou que ele não teria lido o e-mail, ou que já não possuía mais aquele endereço de e-mail. Ela havia partido sem dizer adeus e voltava sem mais nem menos depois de cinco anos incomunicável. Pensou também que ele ainda sentia grande ressentimento por sua repentina partida.
Olhava seu relógio e a hora passava demoradamente. Cinco minutos pareciam duas horas! Num relance, viu um homem barbado parar em frente de sua mesa e a olhar. Conhecia aquele olhar! Ele foi! Ele estava ali, parado a olhando como nunca a olhara antes!
Sentou-se e como um papagaio ele falou tudo o que queria ter falado nos últimos cinco anos em que ela fugira para outro país. Disse que a procurou, que mandou e-mails, disse ter ficado desesperado achando que ela poderia ter sido seqüestrada, assassinada, ou coisa parecida, até encontrar com uma amiga em comum, que contou toda a história da viagem. Ele se calou e a fitou. Ela não sabia o que dizer, a não ser um sinto muito envergonhado. Olhando para a mesa, viu que ele havia se casado. Sentiu seu coração apertar. Não deveria ter fugido, deveria ter dito alguma coisa. Começou a chorar!
De repente, estava falando tudo. Sobre seus sentimentos, seus ciúmes, suas inseguranças, que nunca quis perdê-lo como amigo, por isso não assumiu sua paixão. Ele esperou ela falar e contou que também era apaixonado por ela, mas não quis estragar nada. Mas que agora era tarde demais, pois estava casado e com filhos. Que aquele amor que sentiu ficou ressentido, que mudou, que nem a amizade sobrou.
Ficaram em silêncio por alguns minutos. Ele levantou e com um beijo em sua testa, se despediu. Eles não se viram mais. Ela sentiu-se aliviada por ter falado com ele, apaixonou-se por outros homens, algumas mulheres, mas jamais esqueceu aquele cheiro, aquele olhar, aquela voz que a fazia paralisar.

19 de novembro de 2008

17 de novembro de 2008

O sol se põe
e leva com ele,
de mãos dadas,
meu coração
que sangra,
derrete,
dói.

A lua nasce cheia,
reluzente,
e me transporta
para sonhos,
para lugares inimagináveis.

Agora,
deitada em minha cama,
volto a existir.
Só.
Eu.
Enfim.

12 de novembro de 2008

Nesses últimos dias, tenho estado sozinha. Aliás, tenho estado em minha companhia. Meus pensamentos estão me atormentando. Estou vivendo dias conturbados e felizes. É complicado, mas em meu corpo é tão simples! Fico aqui pensando em "cores que não sei o nome" e em "quais são as coisas pra te prender"! Estou enlouquecendo dentro de minha lucidez? Espero que sim!

30 de outubro de 2008

25 de outubro de 2008

O sorriso da srta. M

Quando ouvi seu sorriso pela primeira vez, fiquei impressionado, estático. O som de sua gargalhada me levou até sua mesa. Na época, trabalhava vendendo flores para meu pai. Passei de mesa em mesa ansioso para chegar perto de ti. Ofereci as gérberas que vendia, mas ninguém aceitou. Você sequer colocou seus olhos em mim. Me senti traído, baixo. Ainda escutei um pouco do que falava, mas não entendia nada, parecia outra língua. Algum tempo depois vim a descobrir que era realmente outra língua: francês. Todos os dias passava naquele mesmo bar, mas foi depois de muito tempo que reencontrei a dona de tão doce voz. Novamente ofereci as flores, mas você continuou a me ignorar. Triste, fui embora. Em meu quarto escuro decidi algo que faria com que me olhasse. Colocaria meu plano em prática no próximo encontro. Saía todos os dias com minha melhor roupa, com meu melhor humor e sempre voltava com mais dinheiro. Meses se passaram até reencontrá-la naquela mesma mesa de bar. Meu coração parou ao escutar o som de sua gargalhada. Mas mantive minhas pernas firmes. Quando cheguei em sua mesa e você teimou em não me olhar, tirei uma rosa branca que mantive escondida entre as gérberas e disse com uma voz tímida: “para você!”. Todos me olharam, inclusive ela. Quando virou seu rosto para mim e pude ver enfim, seu olhar, me senti o homem mais rico e feliz do mundo. Ela sorriu, pegou a rosa e com uma voz suave disse: “merci, beaucoup, mon petite!”. Eu corei, tratei de sair logo dali e quando estava numa distância razoável, sentei na calçada e chorei. Chorei de felicidade. Ao longe ainda escutava sua risada. Ela sorriu para mim! Ela-sorriu-para-mim! Não parava de repetir e relembrar. Estava apaixonado pela primeira vez e não podia contar a ninguém. Mas, afinal, quem acreditaria em mim? Eu tinha apenas 10 anos!

14 de outubro de 2008

Crônica de uma memória e de uma paixão

Ah, hoje a lua está divina! Fez-me lembrar das noites quentes e estreladas de Assis, minha cidade natal. Adorava ficar sentada, ou no chão ou na cadeira, vendo a Lua iluminando meus pensamentos. Nesses tempos eu me misturava de várias formas para agüentar coisas que hoje não posso mais suportar, mas que precisava aprender na época. Hoje sinto que os momentos passados a sós pelas horas intermináveis me ajudou a superar solidões que ainda hoje tenho, mas que necessito de certa forma para me recompor. Gosto de estar sozinha, às vezes, mas também adoro estar com meus amigos. Amores, por enquanto, vieram e foram-se para algum lugar inexplicável e me deixou lembranças de momentos bons e ruins. Hoje, minha companheira e que será eterna é a escrita. Tanto a leitura quanto a poesia. Minhas paixões e seduções. Eu as seduzo e elas me seduzem. Quando passo a tinta pelo papel e as palavras vão se formando... é como ver a Lua! É saber estar apaixonado! E como dizia Vinicius, "quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada não". E eu sou uma eterna apaixonada pelas palavras ditas e escritas.

13 de outubro de 2008

Para viver um grande amor - Vinicius de Moraes

"Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor."

5 de outubro de 2008


Pisando em folhas secas
Na semi-escuridão de minha sala
Com sons de palmas vindas da música
Fumaça indo e vindo do meu corpo
Leveza fluindo pelo sangue-corrente-vermelho
Agora falta a moça que me escapa
Que me encanta
Que me suga da realidade virtual
Caê-Carol-poesia
Viro de um lado para outro
E cá estou...
Vivo líquido sonho realidade

30 de setembro de 2008

Eu li em algum lugar, sobre alguma lenda, dizendo que quando alguém está muito triste e chora demais, o corpo seca. Fica muito tempo sem chorar para o corpo recompor.

Porque algumas coisas dóem?

29 de setembro de 2008

Nove mil anjos

Tudo bem o Júnior querer montar uma banda de rock depois de se separar da Sandy (nossa, fica até meio estranho falando assim!!! Hahahahahaha...). Mas por quê cargas d'água precisa daquele desenho de ovário no site??? Tsc tsc... E o que o nome da banda ("Nove mil anjos") tem a ver com esse desenho?


Claro que as menininhas, fãs dele, estão ansiosíssimas para uvir o CD e nem se perguntam sobre essa imagem. E, quero dizer aqui também, que não estou criticando, escutei a música e é possível até eu escutar o álbum para ver qual é a deles, mas ressalto que essa imagem não ficou legal!!!

23 de setembro de 2008

Eu choro lágrimas secas
As palavras escorrem pelo meu corpo
De meus ouvidos não sai nada
E nada entra, tampouco
O seu reflexo no espelho
Traz lembranças boas que jamais esquecerei
Os sonhos se desfazem como algodão doce
Meus sentidos esvaíram sangue
Eu não sou mais eu
Eu me perdi na imensidão do seu olhar
E você partiu sem me dar uma chance
Não consegui alcançar seu coração
Nem pegar em sua mão
Apenas seu olhar no meu
Segundos que não me deixam
Segundos que não quero apagar.

22 de setembro de 2008

"Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer" - Vai saber, Adriana Calcanhotto

Quero mergulhar na meiguice de seus olhos
Me perder no seu corpo,
Tendo sua mão como bússola
Posso viajar longe,
Posso querer, posso te querer
Incrivelmente, hoje, você está iluminada
Assim, posso até me apaixonar!

19 de setembro de 2008

Gente, abandonei o blog uns tempos... Rsss... Simplesmente esqueço de atualizá-lo! Mas vou dar um jeito de voltar com tudo.

Olhem só o selinho que recebi da Lunna, do blog Acqua. Valeu valeu valeu!!!


Indico este selo para:

Brechó do Carioca, do Luiz Carioca
Eutanasia, da Ana Regina
Desbunde, da Camila Marins
Cats. Imprensa. Idéias, Fotos, Filmes...., da Glaucia Santinello
Acqua, da Lunna

Bjosssss....

9 de setembro de 2008

Se

meu corpo paralizado. sonhos que penetram pelas minhas narinas e enchem meu sangue de amor. a pele saracoteia. meus olhos abertos, enxergam além de qulalquer entendimento. quero aquela pessoa. mas aquela que me faça sentir mais do que sou. que respeite quem sou. e o sonho enche o espaço do meu coração, o ar que ronda meu quarto e que me persegue dia e noite. quero um olhar. um toque. um gesto que me faça sbaer que você também me quer. ah! quanto desejo cabe em mim. quanto anseio escapa de mim e vai de encontro a ti. se você apenas soubesse! se você apenas me visse! se eu tivesse coragem de correr até ti e dar-te um beijo, mas não qualquer beijo, aquele beijo que você sempre sonhou e que eu sempre quis te dar. se os "ses" se desfizessem e voassem para bem longe e tudo virasse concreto. poderíamos estar juntas. eu e você. apenas. duas solidões compostas por corpos ardentes de desejo.

4 de setembro de 2008


você passeia pelo campo azulado de meus olhos.

A vida é como o bater de asas de uma borboleta. Simetricamente e com velocidade elas voam para muito longe. Muitas delas não vivem mais que 24 horas. Nós temos a vida inteira pela frente. Nosso coração bate com velocidade e com simetria. Nossos olhares voam a nossa volta.

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz!"

Agora e sempre.
Amém.

3 de setembro de 2008

Duas frases:

"A ruptura com a ordem existente só será consumada quando os problemas da vida tiverem impregnado e digerido os da sobrevivência"
Murray Bookchin

"O silêncio entrara-lhe com a cor. Na atmosfera haviam-se fechado pétalas"
Fernando Pessoa

29 de agosto de 2008

Hoje, o silênco me invadiu. Me trouxe nostalgia. Até um pouco de vazio. "Felicidade só é verdadeira quando compartilhada", foi o que acabei de ver no filme Na natureza selvagem, o filme é brilhante. A direção de Sean Penn é magnífica. A fotografia lindíssima. A história é tão dolorida, tão solitária e única. Mostra o que a angústia nos leva a fazer, a pensar, a sentir. A solidão está sempre conosco, assim como a felicidade. São pequenas coisas que nos comovem, pequenos presentes que a vida nos dá. Sensações. Sentimentos. Correm em nossas veias, pulsam nossa adrenalina, angustiam nossos corações. As palavras nos confortam, e por muitas vezes nos amedrontam. Não queria fechar os olhos essa noite. Gostaria de viver cada segundo de minha vida de olhos abertos. Mas eles teimam em fechar. Em dado momento eles sempre descansam. Descansam para que no dia seguinte possamos acordar e viver. E viver. E viver. E viver...
"I'm not in love
but I'm open to persuasion..." -
Joan Armatrading

25 de agosto de 2008

Crônicas de um engano

De manhã o telefone toca:

-Bom dia, a senhora Carolina, por favor?
-Sou eu!
-Dona Carolina, meu nome é Fulana, da NET, me perdoe mas cometi um engano com seu noivo!
(Assustada)
-Noivo?
-Sim, o senhor Roberto!
-Mas o Roberto não é meu noivo!
-Desculpe senhora Carolina...

À noite uma janelinha do MSN pisca:

-E aí mamãe, como é que vai essa força?
-Mamãe? Hoje acordo noiva e dormirei mamãe...
-É, lembra o meu portifólio que você editou?


Acho que nem vou dormir de susto! Já me imaginei num filme: fui pra Las Vegas, bebi demais, casei e virei mamãe!!! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK....

23 de agosto de 2008

Medo

Quando as coisas vêm fácil demais, nos enganamos, tropeçamos, caímos, ganhamos alguns arranhões, levantamos e continuamos nossa vida. Tudo que vêm fácil demais, terá obstáculos no percurso. Nada é impossível. Tudo é provável. Precisamos nos concentrar e ter a certeza de onde estamos e se esse é o caminho correto. Mas se ficarmos na dúvida por muito tempo, desperdiçamos tempo. É preciso arriscar. É preciso aprender a arriscar. É preciso jogar os dados e ver o resultado. O medo nos divide, nos invade, nos atormenta. Mas o que seria da vida sem o medo para nos encorajar? Osho diz que o "medo é o sentimento de não estar ligado à existência". Eu tenho medo e é ele quem está me mostrando quem eu sou, o que eu quero, porque estou aqui. O medo tem me dado vida, coragem, força. Algumas coisas e pessoas apareceram em minha vida para me ensinar, e eu preciso aprender com isso e com eles. Algumas coisas vieram fáceis, e estão aparecendo os obstáculos. O resultado eu não sei. Um dia terei as respostas. Mas, no momento, quero aprender. Meus sentidos estão aguçados. Jamais me senti tão presente e viva. Jamais serei a mesma. Sempre inconstante. Sempre eu. Às vezes triste! Muitas vezes, feliz!

21 de agosto de 2008

Com a fumaça de meu cigarro, meu pensamento viaja. O barulho da rua me faz meditar cada vez mais para dentro de mim. Sua imagem passa pela minha memória como um raio. Seu olhar procurando o meu. O toque que não houve. O doce do seu lábio não tocado. Tudo passa pela minha mente como um disco quebrado. Repasso, repasso, repasso. Tudo foge do lugar. Tudo escapa a compreensão. Sentada, fumando meu cigarro, me sinto parte de algo que não sei o quê. Sinto que me distancio cada vez mais de mim e fico mais perto de ti. Sonho com o dia que posso te reencontrar, que poderei falar tudo ou nada, encontrar seu olhar, dar um abraço gostoso e aconchegante. Sentir seu perfume novamente. O cigarro acaba, a meditação acaba, volto pro mundo real e para meu quarto, onde abro um livro e fico até dormir.

20 de agosto de 2008

Que noite!
Noite escura
Fria

Que palavras!
Palavras salgadas
Suadas

Que noite!
Noite de lua e estrelas
Brilham

Que sonho!
Sonho de candura
Desejo

Que saudade!
Saudade de quem?
De você, aqui.

17 de agosto de 2008

Mais uma para Adriana Calcanhotto

16 de agosto - 21 horas - Show Adriana Calcanhotto no Sesc-Campinas

No meio da multidão, eu era mais uma gritando. Mais uma cantando. Mas estava fascinada. Quando as luzes se apagaram, os músicos foram entrando, ela, toda vermelha em sua imensidão e com olhos da cor do mar que brilhavam com as luzes, entrou com seu jeito faceiro, brincando com a gente. Jogou ao chão uma capa brilhante e sentou em seu banco e começou cantando "Maré". Até então, eu com meus 1,55m de altura via alguns relances dela, mas quando o cara alto saiu da minha frente, noooooooooossaaaaaaaaa!!!
Ela estava linda. Reluzente! Cantou todas as músicas do álbum "Maré" e alguns sucessos, além de cantar uma música que ela escreveu para Mart'nália (gravado originalmente por Marisa Monte), cantou também uma homenagem ao Caymmi (que vai nos deixar saudade) e uma do Guilherme Arantes, que na voz dela ficou MA-RA-VI-LHO-SA! Além de tocar violoncelo!
Dos shows que assisti, o da Adriana Calcanhotto foi o que mais gostei. Gostei não. Amei. Os músicos são competentes pra caramba! Pena que a bateria da minha máquina fotográfica resolveu dar "peti" e tive que usar o celular, com sua resolução mínima, para tirar fotos.
Esse show vai ficar em minha mente por muito tempo. Nem dormi direito à noite. Eu poderia ter passado a noite inteira escutando e vendo-a cantar.
Fã é fã. Seja aqui ou na China. (Risos)

14 de agosto de 2008

"Ah, mas como eu desejaria lançar ao menos numa alma alguma coisa de veneno, de desassossego e de inquietação. Isso consolar-me-ia um pouco da nulidade de acção em que vivo. Perverter seria o fim da minha vida. Mas vibra alguma alma com as minhas palavras? Ouve-as alguém que não só eu?"
Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego

Ai, meu caro amigo Pessoa! Se soubesses o quanto me desassossega! O quanto suas palavras fazem com que minha alma vibre ao saber que não sou única no mundo. Que não é só os meus tormentos que me fazem desassossegada. Não sabes que quando o leio, todas suas palavras vão se tornando parte de mim. Tomando conta de meu coração e fazendo-me chorar, ora de alegria, ora de tristeza.
Em tempos como esse, onde me escondo e me mostro, quando me atinjo e me protejo, seu livro é que me confortas! Porque lê-lo me faz esquecer. E faz-me escrever também! E como você mesmo diz "escrever é esquecer".

7 de agosto de 2008

Último suspiro

Sempre amara aqueles olhos azuis. Não sabia se foi o olhar dela ou sua voz mansa, baixa que o encantara tanto. Claro que havia todo um contexto para sua paixão, mas isso não era o que mais importava naquele instante. Seu toque, a maneira como passava a língua discretamente nos lábios para molhá-los, o cabelo caindo em seu rosto a perturbando. Todo detalhe dela o encantava.
"Você lembra que hoje é aniversário do Jorjão?" - pergunta ela toda meiga.
"Claro que sei. Te pego no serviço às seis e vamos pra casa nos trocar." - respondeu, distraído em seu rosto.
Por um momento ela ficou vexada de tanto que ele a olhava. Tirou o cabelo do rosto e foi pegar mais salada. Aquele dia, um dia diferente de tantos outros, eles conseguiram almoçar juntos depois de tanto tempo. O trabalhos dos dois nunca tinha uma brecha pra almoçarem juntos.
Quando sentou novamente na mesa, ele disse que precisava voltar ao hospital. E ela precisava voltar também para a agência, tinha uma apresentação em menos de uma hora.
Eles se despediram na calçada. Ela olhou para ele mais uma vez e pegou seu caminho de volta ao emprego. Como num relance, no meio da rua, ele se virou para olhá-la mais uma vez. Aquele andar que o torturava. O que ele não esperava era que um carro, em alta velocidade, buzinando o acordasse daquele devaneio. Foi jogado longe. A freada fez ela se virar e vê-lo voando para cima de um carro. Gritou. Desesperou-se. Correu até ele. Abraçou-o. Apesar da dor, o olhar de sua mulher o fez sorrir. Aquele olhar que o anestesiava. Aquele último olhar junto com seu último suspiro. Um beijo apaixonado e dolorido. Choro. Grito. Dor.

6 de agosto de 2008

Bohemian Rhapsody - Queen

Essa música é de doer o coração. É linda, a letra é triste pra cara***!!! Foi considerada a melhor canção pop do século...

http://www.youtube.com/watch?v=irp8CNj9qBI

3 de agosto de 2008

Escorrego minha mão em seu corpo. Seus pêlos arrepiados. Contorno seu rosto com meu rosto e quando chego em sua boca, pouso meus lábios nos seus. Um beijo molhado, calmo. Minha mão continua acariaciando seu corpo. Te abraço, te protejo. Sussurro palavras doces em seu ouvido. Um beijo na nuca. Dormimos.

*inspirado na música Sparks, do Coldplay

2 de agosto de 2008

o olhar, o toque
vermelho, espinho
corpos que cruzam sem encontro
palavras doces, molhadas
sugando os sonhos, os corações
pequenos gestos
poucos confrontos
duas rosas casadas
partes entrelaçadas
mais um olhar,
mais toques.

30 de julho de 2008

Quando eu morrer
Quero que toquem “Claire de Lune” em meu velório,
Assim, a lua virá me ver eternamente
E saberá que ali jaz um corpo que a amou
Que escreveu poesias em sua homenagem
Que manteve a fé até a última estrela
Que ali jaz um corpo ainda sedento de paixão
Que o olhar procura na multidão desolada
Um resto de sonho,
Um resto de amor,
Respeito e paixão.

25 de julho de 2008

23 de julho de 2008

Questão de pele

A sua pele não é minha
O meu desejo é meu
O amor que guardo não te pertence
Apenas me possui
Me lambe
Me goza
Me esfola

O seu olhar é meu
Sua mão me persegue
O meu gosto é teu perfume
Te possuo
Te lambo
Te gozo
Te esfolo

18 de julho de 2008

"O fato de uma coisa ser difícil deve ser um motivo a mais para que seja feita.
Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação.
(...) para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. (...) O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser; é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamado para longe."
Rainer Maria Rilke

15 de julho de 2008

mudança. mudança. muitas mudanças. não só vou mudar de apartamento, mas estou começando a mudar minha vida. preciso ainda acertar pequenos detalhes, mas que conseguirei em breve. agora me sinto mais confiante e, ao mesmo tempo, sinto minhas pernas tremerem para o desconhecido que virá. faz frio na barriga. mas como todo desconhecido, preciso me aproximar e descobrir o que virá, o que acontecerá. estarei preparada para o que for e viverei o momento até a última gota. só assim serei feliz.

depois daqui, só ponto final.

depois do ponto final, eu recomeço.

13 de julho de 2008

À luz do luar, seus olhos resplandecem
Seu sorriso paraliza tudo a sua volta
Meu corpo treme pelo seu toque
A fragrância das flores impregna o ar
Os tambores tocam, me hipnotizando
Te pocuro como opostos que se atraem
Me traio quando te desejo
Como posso te dar meu coração, se minha alma já sangra seu corpo?
Como posso ter seu coração, se sua alma sangra outros corpos?

Top 10 - Músicas que tocam meu coração

1- Metade - Adriana Calcanhotto
2- Bem que se quis - Marisa Monte
3- Telegrama - Zeca Baleiro
4- Casa no campo - Elis Regina
5- Lenda - Céu
6- Codinome Beija-flor - Cazuza
7- Beatriz - Chico Buarque
8- Meu mundo ficaria completo... com você - Cássia Eller
9- Nebulosa do amor - Paralamas do Sucesso
10- É mágoa - Ana Carolina

*Não, necessariamente, nessa ordem...

11 de julho de 2008

Correr sempre a fez sentir-se bem. O vento em seu rosto, o suor caindo em sua testa, a adrenalina no sangue fazendo bombear o coração mais rapidamente. Músicas de todos os estilos tocam em seu mp3. Mas aquele dia havia começado diferente. Um telefonema mudou sua vida. Com o mp3 na mão, saiu para correr. E correu, correu, correu até suas pernas não agüentarem mais. Sentou-se na calçada, tudo estava rodando. Nada fazia sentido! Tudo perdeu o sentido. Os sentidos e os sentimentos não faziam mais sentido algum pra ela. Começou a chorar! Lágrimas misturavam-se com suor. O gosto salgado de sua tristeza estava escorrendo por seu rosto. Não se importou com as pessoas olhando para ela. Não escutou as pessoas perguntando se ela estava bem. Não sentiu se levantar e voltar para casa correndo. Não sentiu mais dor. Sentiu apenas saudade. Saudade daquela pessoa que tanto amava e que fora embora. Saudade misturada com a tristeza de jamais poder vê-la novamente.

8 de julho de 2008

Homenagem a Cazuza

Amanhã, dia 9 de julho, completa 18 anos da morte do poeta menino-homem-rebelde. Nascido Agenor Miranda de Araújo, Cazuza cresceu no meio artístico. Pai produtor e mãe cantora, músicos circulando em sua vida, ele não poderia fugir de seu destino: poeta, letrista, cantor.
Cantou a vida, a morte, o amor, o desamor, o Brasil, o rock. Ultrapassou seu limite, abusou de sua vida, viu a cara da morte e, numa manhã, foi com ela. Alguns anos atrás, escrevi uma poesia em homenagem a esse poeta que tanto gosto. Vou deixá-la aqui:

Ah, esse cara!

Será exagerado?

Ou uma ideologia?

Ah vida, louca vida

O tempo não pára nem para respirar

Eu, talvez, tenha uma boa vida

Mas com todo o amor que houver nessa vida

Pegarei um trem para as estrelas e depois voltarei para o Brasil

Em quase um segundo, viajando pelo mundo

E minha flor, meu bebê, talvez seja você

Que faz parte do meu show, da minha vida,

Na balada de um vagabundo, no blues da piedade

E, mais tarde, eu tenha um rock da descerebração

Porque só as mães são felizes e meu cúmplice sumiu

E não será mal nenhum gostar de ti, de tuas músicas,

Pois, como ele disse, o nosso amor a gente inventa

E é por isso que eu inventei meu amor por você

Que será sempre meu poeta, nosso poeta,

Nesse mundo de sei lá o quê

E um dia na vida hei de te encontrar no outro mundo

E as boas novas será um encontro emocionante,

Entre o poeta e sua fã.


5 de julho de 2008

Homenagem a Adriana Calcanhotto

Quem resistiria a esse olhar?


Sua voz suave me inebria com palavras doces e sinceras
Eu imagino onde será que você está agora?
Faço viagens dentro de mim
Rumo para caminhos desconhecidos
Para um infinito que cabe no vazio
Vagueio pela sala, rolo na cama
Esse olhar me persegue
Me desnorteia
Estou em milhares de lugares
Estou repartida
Sangro vozes de desejo
Por onde andarei?
Onde será que você está?
Onde será que você está, agora?

3 de julho de 2008

os olhos se afastaram, como se procurasse no vazio alguma coisa perdida. as palavras estavam entaladas na garganta há tempos, mas não sabia como pronunciá-las. as mãos, cruzadas pesadamente, estavam entre os joelhos. balançava vagarosamente o corpo para poder sentir seu corpo se mover. de repente, olhou fixamente um ponto preto no canto da parede, seu corpo parou, descruzou suas mãos e puxando seus cabelos, gritou até não aguentar mais.

2 de julho de 2008


o que é mais importante, satisfazer mil desejos ou conquistar apenas um?

do filme Samsara

1 de julho de 2008

00:21hs

viajando ao som de jamiroquai - everyday

Venha cá, mais perto
Dance comigo.
Pense comigo.
Grite comigo.
Ame comigo.
Passe sua mão em minha cintura, encoste seu rosto ao meu
Sussurre em meus ouvidos todas aquelas palavras obscenas
Encontre seu olhar com o meu
Tire sua blusa e se esfregue em mim
Deixe-me sentir seu cheiro saboroso de flor
Sua boca molhando minha boca seca de sede
A música se repete em minha mente
A cena se repete em minha mente
Você aqui!
Há êxtase maior que esse?

Talvez

Seus olhos azuis
Duas imensas gotas do mar
Meu martírio, minha decadência.
Seus lábios
Lábios que nunca tocarei, beijarei
Minha tentação, minha agonia.
Suas mãos
Jamais tocarão as minhas
Meu coração, minha canção.
Seu corpo
Nunca juntará com o meu
Minha metade, sua metade.
Eu, você, nós
Talvez nos encontremos,
Nos amaremos
Mas continua sendo somente um talvez...

28 de junho de 2008

Dor sufocada
Choro abafado
A noite limpa, estrelas brilhando
Vento batendo em meu corpo nu
Mente nua
Feridas abertas, cicatrizando
Olhando dentro do coração
Plantas crescendo, plenamente
Trazendo minha mente para um plano superior
A solidão é boa, até um ponto
Com quem conversar sobre o que senti?
A música vai tocando meu corpo
Fecho os olhos
Corro por aí.
Estou aqui.
Estou, apenas.

Vou começar agradecendo a todos meus leitores fiéis, que sempre estão comentando e me visitando. Muito, muito obrigada. Este blog está quase chegando em 3 mil visitas e o Meias palavras passou de mil.
E falando no Meias palavras, eu o atualizei. A nova resenha é do livro O Perfume, de Patrick Süskind. No post sobre olfato aguçado do dia 17 de junho, a Ana deu a dica para eu ler esse livro e como já havia lido há algum tempo, além de ter assistido ao filme, aproveitei e postei a resenha lá no meu outro blog.
Espero que vocês gostem!
Bjo grande a todos e sejam sempre bem vindos!

24 de junho de 2008

A fumaça apagou todas as lembranças
O sonho foi embora como um raio
A voz desapareceu pela escuridão
O corpo derreteu como gelo
A vida fluiu
O olhar morreu
O tesão ejaculou em outros cantos
O mundo paralisou

Enquanto isso, estava aqui sentada
Lendo um livro
Sorrindo para sua fotografia
Pensando em quantas oportunidades perdidas
Nas palavras não ditas
No sufoco do desejo
No refrão de uma música.

22 de junho de 2008

Para você...

... que nunca lerá isso, que jamais saberá, que é inatingível e inseparável de mim. Um dia, eu espero...

"Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada."

Hilda Hilst
, Amavisse
, II

17 de junho de 2008

Olfato aguçado

Não sei por que, mas às vezes sinto cheiros. Assim, do nada! Estava sentada aqui lendo blog de meus amigos e senti um cheiro de perfume, gostoso, cítrico, mas foi muito rápido. Isso acontece com frequência e por meros segundos. Será que meu olfato é aguçado? Será que meu cérebro está produzindo cheiros em minha cabeça e eu sinto pelo ar? Será que estou ficando louca?
Alguém saberia me explicar o que está acontecendo?

11 de junho de 2008

Quero me encontrar no fundo do meu coração inseguro. Quero ter certeza das minhas falas, meus gestos. Quero escutar a voz sair de sua boca e entrar em meu ouvido, num sussurro desesperador de desejo. Ouço a batida descompassada do coração de alguém. Talvez o do meu coração misturado com o seu. A imagem de sua mão percorrendo meu pescoço e me puxando de encontro a sua boca macia. Gemidos de desejo. Olhar devorador.
Quero encontrar a lua iluminando meu quarto quando abrir meus olhos e ver você deitada, nua, em minha cama. Acariciar suas costas. Beijar sua nuca. Ler poesia em seu ouvido. As palavras mastigam minha mente. Não consigo dizer tudo o que quero. Elas paralisam. Você continua a dormir. Saio da cama e vou para varanda fumar um cigarro. Realidade ou sonho? Tudo é muito confuso neste segundo. A vida vai passando devagar aos nossos olhos. Um carro passa buzinando e te acorda. Ao levantar me procura pela casa e segue a fumaça com cheiro de menta. Senta ao meu lado e encosta a cabeça em meu ombro. A lua está linda! Ficamos assim até o sol nascer e trazer a realidade diária para nossos corpos tocados pelo desejo da paixão.

8 de junho de 2008

Caminhada em noite agradável

A noite estava chegando, a lua, linda e branca, estava nua. O céu não tinha uma nuvem sequer. Estava um dia agradável e resolvi caminhar. Caminhar para mim significa dar uma volta na Lagoa. Logo que cheguei, vi duas mulheres caminhando de mãos dadas e fazendo carinho uma na mão da outra. Foi a cena mais linda que vi esta semana! O chato é ver algumas pessoas olhar de esguela e ficar comentando depois. Mas só pela coragem delas valeu o dia.
Acho que deveria ter mais pessoas assim, que não tem vergonha de mostrar quem são. Homens andando de mãos dadas ou abraçados com outros homens. Mulheres com mulheres. O amor é infinito e não existe sexo. Sentimento não tem sexo!
Eu não sei se eu teria coragem. Mesmo porque jamais namorei alguém que tivesse coragem de se mostrar dessa maneira. Como estamos no mês da diversidade sexual, achei que seria uma história linda e interessante de se contar aqui. Vamos dizer não à homofobia! E, se alguém presenciar alguma manifestação homofóbica, denuncie, pois homofobia é crime!

hoje estou me sentindo uma mistura das músicas de James Blunt e Janis Joplin

4 de junho de 2008


A fumaça sai
Impregna o ar
Com gosto de morango-erva
Gosto de morango de Eva
Lua verde e rosa
Roça o ar de nossas almas
Inspiradoramente
Olfativamente
Sabores inéditos a estes encontros
À luz da lua alta
Á luz de velas
Ronco de água borbulhante
Pandeiro, flauta, derbaque
Silêncio, descanso, roda
Descansa o silêncio nos lábios
Distraídos ao sabor de rodelas aromáticas de fumaça
O debarque apalpa nossos poros enlanguescidos
Chacoalhados pelo mate
Palpos
Apalpos
Popópópó
Poros no parapeito da janela
Cheiro de vela
De morango-fumaça
Mate-puro
Noite doce
Olhos enquadrados
Vela apagada
Luz acesa
Fumaça...
Fumaça...
Morango...

escrito por mim, claudia, fernando, angela e miwa

3 de junho de 2008

A fumaça apagou todas as lembranças
O sonho foi embora como um raio
A voz desapareceu pela escuridão
O corpo derreteu como gelo
A vida fluiu
O olhar morreu
O tesão ejaculou em outros cantos
O mundo paralisou

Enquanto isso, estava aqui sentada
Lendo um livro
Sorrindo para sua fotografia
Pensando em quantas oportunidades perdidas
Nas palavras não ditas
No sufoco do desejo
No refrão de uma música

27 de maio de 2008

Essa é a primeira parte de uma série que estava escrevendo e que parei há muito tempo atrás. Com o nome de Toda sexta, a personagem da história contava um pouco sobre esse dia tão esperado pelas pessoas, e que às vezes não acaba como esperamos, ou melhores do que esperamos. Não sei ainda se irei continuar a escrever, mas vou deixar aqui um pouquinho do que já foi escrito.

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Toda sexta-feira tem algo para se fazer, certo? Quase certo. Ultimamente tenho sentido um desejo enorme de acreditar nisso! Aqui, em meu apartamento, computador ligado, o rádio tocando o melhor do soul e na varanda olhando a lua, fumando meu cigarro de menta, com um copo de vinho na mão e o pensamento nas estrelas. Acredito que toda sexta-feira possa ter um significado para mim, afinal depois de sair de uma cidade em que esse dia a única opção seja vagar pela avenida e gastar gasolina, hoje me sinto cansada demais para me divertir. O trabalho foi puxado, muitas matérias, muitas informações a serem passadas, que cheguei e o único exercício que consegui fazer foi preparar a janta!
Uma amiga ligou e me chamou para irmos a um barzinho, mas eu só queria é ficar quieta um pouco, pensando. Mais um gole de vinho. Mais um trago no cigarro. A música me embala e fecho os olhos. A lua parece conversar comigo, dizendo que sou sua amiga e que me ama da mesma maneira que a amo. Aquela ligação que nunca foi feita passa pela minha cabeça, aquele beijo que nunca foi roubado me atormenta até hoje, aquela conversa que adiei machuca meu coração!
O telefone toca e deixo a secretária eletrônica atender. Ela me ligando. Ela me atormentando. Sua voz misturada com a música que toca, me excita. Dois ingredientes infalíveis! Seu sussurro me derrete. Não atendo o telefone do mesmo jeito, deixo meu corpo sentir. Apenas sentir é o que quero fazer nesse momento. Mais um gole do vinho. Inebriante. Mais um trago no cigarro. Fumaça fazendo desenhos no ar. A leve brisa que acaricia meu rosto me estremece.
É assim que quero terminar minha noite: com essa brisa me acariciando, sua voz e a música me excitando, o vinho correndo pelo meu sangue, anestesiando-me, e o cigarro me fazendo viajar em sua fumaça desconexa. Fecho meus olhos e deixo meu corpo sentir. Sempre sentindo a beleza da noite, a beleza das pequenas coisas. Sentir como se fosse a primeira vez. Sempre.

24 de maio de 2008


Algumas relações funcionam melhor quando se perdem.
(frase lida num curta chamado Gillery's little secret)

23 de maio de 2008

Alguém sabe me dizer como faço para colocar músicas no meu blog? Tipo rádio ou para tocar quando alguém vier me visitar!
Estou procurando algo assim na internet há algum tempo e não consigo achar nada... Snif, snif...

Hoje foi um dia diferente. Meu óculos novo ficou pronto e estou me sentindo outra pessoa. Fiquei muito diferente. Depois um amigo veio me visitar e ficamos aqui conversando sobre música. No fim da tarde fui ao Kung Fu, mas não teve treino, fomos caminhar na Lagoa. E agora acabei de chegar da casa de uns amigos, onde ficamos escutando música árabe, fumando narguilé, tomando chimarrão, poetisando, conversando e dando risada. Ah, ainda ganhei o meu primeiro lápis de olho, além de um ingresso para assistir ao novo Indiana Jones!!! Hahahahaha... Estou ficando chique!

21 de maio de 2008

18 de maio de 2008

Ninguém sabe o que sinto, a não ser eu. Eu! Primeira pessoa do singular. Sou singular? Sou plural? Sou uma e sou várias. O que sinto? Quem me sente? Quem me mostra de forma tão simples? Eu não consigo me mostrar. Eu não consigo sair daqui de dentro. Refém do próprio corpo? Quem sabe? Alguém consegue me explicar? Posso eu ser várias, ser uma e também ser ninguém? Quando terei coragem de dizer tudo o que quero dizer? Como dizer? Como me segurar na queda? Quem vai me segurar?

Será que um sentimento morto, pode renascer das cinzas depois de alguns anos?

15 de maio de 2008

Os erros que cometemos

A gente persiste nos nossos erros ou somos perseguidos por eles?

Essa é a frase do meu dia! Aliás, da minha noite. Tenho pensado demais nisso e sempre chego no mesmo resultado: eu persigo meus erros! É sério! Até seria cômico se não fosse trágico. Eu sei que errei em algumas coisas e sei que situações me fizeram errar e persistir, mas eu não deveria ter aprendido com isso? Então porque agora esses erros voltaram a me assombrar? Sinto muito medo, às vezes, de fazer uma burrice. Não uma burrice do tipo "vou me matar", não! Burrice do tipo "porque fiz isso se sabia que iria me fazer mal?"!
Sei lá. Fico muito confusa nessas horas. E apesar de pensar demais, sempre racionalizo para o fim mais depressivo: penso, penso, penso e não faço nada, ou seja, nunca vou saber o que teria acontecido se tivesse ido até o fim, mas fico imaginando trocentos mil desfechos para uma só história.
É, eu tinha que ser escritora! (Risos)

6 de maio de 2008

Sonho

Quero sorrir na tarde azul, vendo o trem passar. Com um livro debaixo do braço e deitada na grama. Um dia quente. Uma tarde vazia. Ou nem tão vazia! Esperar você aparecer, trazendo meu sorriso de volta, a luz dos meus olhos. Saborear cada momento junto a seu corpo. O pensamento não me deixa. Fico aqui sentada, tomando uma água gaseificada e pensando, pensando, pensando. Pensando no dia de amanhã, no dia em que te verei, nos abraços, nas palavras doces e os beijos molhados. O livro não me interessa mais. O sol vai se pondo, deixando o céu um pouco afogueado. A vida vai passando aos poucos e a gente não percebe. Cada minuto é importante, cada pensamento é grande e cada gesto é maravilhoso! Sonhar o sonho impossível até que ele seja possível. Por isso continuarei aqui sonhando contigo. Quem sabe numas dessas tardes vazias, preguiçosas e afogueadas, você me aparece de surpresa?
Quantas e quantas vezes
esperarei pelas palavras se formarem...
Elas descansam no papel úmido,
escorrendo pelas linhas,
como chuva na janela.
Sobram respingos de idéias
que, no papel, afogam entre idas e vindas da minha caneta.

27 de abril de 2008


existe um lugar onde eu possa me refugiar?
um lugar tranquilo e solitário?
um lugar pra eu ver o céu azul e sol se pôr...

10 de abril de 2008


Para que olhar para trás, no momento em que é preciso arrombar as portas do impossível. O tempo e o espaço morreram ontem. Vivemos já no absoluto, pois criamos a eterna velocidade onipresente.

Marinetti - Manifesto Futurista

5 de abril de 2008

Desafio aos Leitores com Essência

Fui convidada por Sandra a participar de um desafio: o Desafio aos Leitores com Essência! Esse desafio é escolher um livro que tenha palavras que fizeram você pensar, que puderam mudar um pouco sua vida. Um livro que você guarda com o maior carinho, digamos assim! E o desafio é partilhar esse livro com outros leitores. Esse parágrafo que escreverei é interessante pela última fase, e foi o que mais me chamou atenção quando li, além de adorar esse livro.

"MORGANA FALA...


Em vida, chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. Na verdade, cheguei agora a ser maga, e poderá vir um tempo em que tais coisas devam ser conhecidas. Verdadeiramente, porém, creio que os cristãos dirão a última palavra. O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chamam a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré - que realmente foi oderosa, ao seu modo -, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?"

A partir de então, minha visão religiosa começou a mudar. Este parágrafo é do livro As Brumas de Avalon - A Senhora da magia, o primeiro de uma série de quatro livros.

frase extraída da página 9

3 de abril de 2008

Chuva


Como gosto de escutar a chuva em minha janela
Como gosto de ver os pingos se encontrarem no asfalto
Ler com a chuva
Como gosto de tomar banho de chuva, mesmo que seja só de vez em quando
Como gosto de pensar que o mundo é uma ilha, quando se está chovendo
Sentir-me só em dia de chuva dá preguiça
Em dia de chuva dá vontade de assistir filme e comer pipoca com guaraná
Ah! como adoro dormir escutando a chuva em minha janela, como se ela estivesse me acariciando.

1 de abril de 2008

A madeira ia quebrando aos poucos. Cada inclinação, mínima que fosse, escutava-se um “oh!” da multidão. A cruz inclinava e o corpo ensangüentado inclinava junto. Um dedo apontou para o alto e disse “olha!”, e o céu fechou, ficou vermelho, preto, cinza. A água caía devagar, até conseguir força maior. Quando a cruz caiu, todos olhavam para o céu, o corpo desapareceu e ninguém ficou sabendo do milagre.

24 de março de 2008


Nadar no mar em noite azul, é vivenciar a poesia das aves.

Luiz França

poetizar
é não falar
é sentir através das palavras
os sentidos mais intensos

poetizar
é estabelecer uma conexão
com o coração
é fazer valer tudo de bom

poetizar
verbo ou palavra?
no singular ou no plural
é a palavra mais linda do meu vocabulário.

23 de março de 2008

4 de março de 2008

A carta - pt. 2

“Não quero que você fique triste. Eu estou bem. Não estou enlouquecendo, talvez um pouquinho. Muitas coisas aconteceram durante meus anos, gostaria de compartilhá-las com você, mas não teria coragem de dizer, então escrevo essas linhas tortas e trêmulas. Por muitos anos eu sofri por ter deixado de amar sua mãe, mas nunca quis abandoná-la. Eu gostava dela, era uma ótima companheira. E também tinha você, minha queridinha! Quando você nasceu eu chorei tanto que os médicos acharam que eu fosse passar mal. Como era pequenina! Tinha medo de pegá-la no colo!”
Sua mão tremia tanto que não conseguia segurar a carta. Seu pai nunca tinha segredos com ela. Quando criança adorava ouvir seu pai contando sobre seu nascimento. “Mas eu também tive outro filho. Com outra mulher, por quem me apaixonei perdidamente! Ela já desencarnou, assim como o menino. Eles morreram num acidente de carro quando viajavam para o Rio de Janeiro, há seis anos atrás. Lembra-se como fiquei deprimido naquele mês de fevereiro? Você ficou preocupada e tentava me animar, achando que eu estava deprimido porque tinha me aposentado e não tinha mais o que fazer.” Essa revelação foi terrível, mas sempre desconfiou da depressão do pai, depois de ter visto aquela matéria no jornal. Ficou por muito tempo triste e ela ficou desesperada querendo ajudá-lo e não conseguido.
“Se você achar que deve, fale sobre isso com sua mãe. Ela sempre desconfiou que eu a traía, mas eu sempre neguei, claro. Não queria magoá-la! Nem a você, minha queridinha. O fato é que eu comecei a ter estranhos esquecimentos e fui ver o que era. Fiz vários exames e o resultado foi o que mais temia: o mal de Alzheimer começou a me atacar. Meu avô teve essa doença e foi terrível vê-lo num asilo, entretido em seu próprio mundo, esquecendo-se de tudo e de todos. Não queria ter o mesmo destino. Quero sempre lembrar de sua mãe, a quem eu amei muito no começo, mas que depois me deu a maior alegria de minha vida: você! Também amei meu outro filho, mas ele era homem, mais independente. Você sempre foi minha princesinha! Quero que vocês se lembrem de mim como aquele homem risonho e feliz que sempre fui ao lado de quem amei! Não estou sendo covarde, estou sendo burro, eu sei. Acho errado o que farei, mas não quero deixá-las tristes porque não consigo me lembrar de nossas maiores felicidades em vida.”
Ela já não sabia mais o que pensar, nem o que fazer. Ligar pra sua mãe? Dizer que o pai mandou uma última carta se despedindo, dizendo que a traiu e teve outro filho, que estão mortos? Dizer que aquele homem a quem tanto amou se matou por medo de uma doença?
Ele finalizava a carta dizendo que as amava, que sentiria saudade e que um dia as reencontraria, talvez em outra vida. Mandava beijos e abraços e muito sucesso. Sempre terminava as cartas friamente, mandando saudações e felicitações, como se fossem distantes, mas o conteúdo sempre era emocionante e cheio de carinho e amor. Não entendia a atitude de seu pai. Ele sempre contava com elas para tudo e também sempre esteve por perto.
Saiu da absorção com a música na vitrola. Levantou-se e a desligou. Voltou a sentar no sofá, pensando, cansada. Deitou, abraçou a almofada e chorou. Chorou até dormir.