23 de fevereiro de 2017

Houve um tempo, uma rosa

Perdida no emaranhado de meus pensamentos, houve um tempo em que as coisas eram mais fáceis. Nunca parei tanto para pensar naquilo que eu sinto ou que deixei de sentir, nas dores que colocam meu coração em lágrimas. Houve momentos em que não quis mais estar aqui ou ali. Eu quis estar e ser notada, mas antes de qualquer coisa eu deveria ter me notado. Notar que eu posso, sim, demonstrar meus sentimentos, eu posso sentir, pulsar, vibrar. Eu deveria ter notado que toda minha insegurança não vem de uma simples timidez, vem de temores maiores e anteriores. Deveria ter procurado com quem conversar mais cedo, ter me exposto. Expor-me é tão doloroso quanto uma faca rasgando minha carne. Me congela, me desnuda. Aquela que um dia fui,m perdeu-se pelo caminho, hoje me sinto melhor, madura, mais alegre, mas com cicatrizes. Sinto um tesão tremendo pela vida. Sinto aquela insegurança percorrer cada milímetro do meu corpo. Eu me perco em olhares, me perco em ilusões. Houve um tempo em que eu apenas brotava, eu apenas crescia, eu apenas enxergava o que estava a minha vista. Houve um tempo em que o escuro me dava medo e que o futuro era a escuridão mais chocante. Hoje aquilo que enxergo vai além da vista, dos sentidos, dos pesares. O que sinto vai além das palavras. Hoje desabrocho, viva, consciente. Houve um tempo em que era semente, hoje sou rosa.

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