29 de dezembro de 2008

Olhares

E os olhos se viraram para mim. Todos, sem exceção. Uma roda ia se formando e minha cabeça girava 360 graus. Vários rostos conhecidos, mas também me pareciam desconhecidos. Não entendia o que aquelas pessoas faziam ali, rodeando minha cama. Meu travesseiro estava vermelho. Ou era vermelho? Não me lembro. Minha cabeça doía! Meus olhos estavam pressionados, não enxergava direito. Tudo nublado. Mas... quem eram mesmo aquelas pessoas? Juro que as conheço de algum lugar. De onde mesmo? No canto... no canto havia um homem segurando uma arma e sussurrava para eu ficar atenta. Atenta? Por quê? O que ele fazia com aquela arma? Seus olhos fixaram nos meus. Lágrimas saíam deles. Ele dizia alguma coisa que não entendia, mas parecia que era “não quero fazer isso, me ajude!”. Ajudar, como? Estou presa a esses pensamentos que não me deixam sair daqui. Estou paralisada! Em pânico! Uma arma em minha cabeça, esses rostos desconhecidos, essa gente toda em volta de minha cama. Meu corpo todo pesado, me assusta, me trai. Estou suando e não sinto calor, nem dor! Isso parece um sonho, mas não sinto que seja um. Uma música começou a tocar. Que música é essa? Eu conheço... É do Massive Attack... Daydream! Sim, ela mesmo! Mas... Mas o que é isso em minhas mãos? Meu travesseiro! Ele não era vermelho? Está branco! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! O quê está acontecendo? Quem está aí? O quê vocês querem de mim? De repente, todos começam a falar freneticamente, e juntos! Minha cabeça começou a rodar, rodar, rodar...

26 de dezembro de 2008

Quero te tocar, te beijar
Mas nem sei onde você está
A lua grita meu desejo
e o céu me engole aos poucos
Gotas de suor escorrem.
Meu coração acelera e geme
Geme pelo nome desconhecido
pelo pedido não feito,
pelo pedido não aceito
Geme para meu corpo voltar
e de novo te gritar.

22 de dezembro de 2008

Tatuagem - Chico Buarque

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava

Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço

Quero pesar feito cruz nas tuas coisas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quer ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva

Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes

11 de dezembro de 2008

Meus olhos semicerrados
Procuram teu desejo pela chuva
O ar sopra em meu corpo
Sussurros de paixão e luxúria
A música atormenta meu pensamento
Pensamento que está em você,
Que procura por nós entre ruas tortas,
Que são quase sempre retas.
Doce solidão que me embriaga,
Doce sabor doce!
Doce desejo louco!
Doce vida de liberdade!
Doce paixão,
Que faz de mim um ser livre,
Um ser maior que o céu
E maior do que eu mesma!