4 de maio de 2011

Inocência

Correndo pelo pátio, a pequena Sarah chorava, enquanto suas mãos sujas de sangue doíam. Mais dolorido ainda estava seu coração, tão pequeno e que outrora não sofria. O pátio não parecia tão grande quando ela e seus amiguinhos brincavam, os cinco minutos que levou para percorrê-lo todo, foram os mais demorados de sua curta vida. Vida que ficaria marcada por aquele momento. Por um segundo imaginou-se dali vinte anos, pensando nesse exato momento de tortura e solidão, percorrendo o pátio mais longo de toda sua infância. Infância que terminou. Infância que ficou para trás com as brincadeiras. Agora ela era gente grande. Agora sairia para trabalhar como sua irmã mais velha. Agora sentiria na pele o cansaço do dia e da noite. Agora... O agora ficou pra trás, só existe o futuro a partir desse acontecimento. Só existe a vida que ela ainda não conhece e que a surpreenderá.

Um comentário:

Peterson Quadros disse...

Já passei por aqui tantas outras vezes e de certa forma sempre fui tocado por suas palavras. Sobre as últimas postagens...Notas de um dia bizarro-fabuloso-... Tudo se “moderniza”, inclusive vovôs e vovós. Pizza fria e sem refri, um asco! E a nota 4? Heidegger diz que é na solidão e na angústia que encontramos o Ser-aí. Espero que você o encontre e fuja dele...
Inocência... Lembrei-me de quando era professor. Dos pequenos e pequenas a correr pelo pátio. O final, ah... Mostra que o tempo presente é de esperança. Lindo. Muito obrigado!