12 de fevereiro de 2012


Venho por meio desta me resignar, entregar meu corpo, minha cabeça, meu coração e minha alma nessa mesa, nesse pedaço de madeira velha. Venho desembuchar todas as palavras que ficaram paralisadas. Venho buscar arrependimento e misericórdia. Não quero julgamento, pois já o fiz sem piedade. Quero a certeza de que a dor e a morte venham me buscar, pegar em minha mão e dizer palavras carinhosas antes do golpe final. Pequem! Pequem sempre, pois só assim saberemos estar vivos! Nada me importa agora, apenas essa solidão que me assombra noite e dia, esse vazio que me persegue, me corrói. A visão começa a faltar-me. Mas desde quando eu enxergo? Nem lembro mais dos sabores das cores e os cheiros do som. Aqui jaz apenas um espectro ambulante, com um cajado numa mão e a morte na outra. Deito-me nessa mesa para repousar meus pensamentos que me cansam há milênios. Deito-me porque meu corpo ri da fraqueza do meu coração. E é aqui que ficarei por séculos a vir. É aqui que cantarei a canção que você fez para mim.

4 comentários:

Victor Az disse...

Eu adorei, tem um personagem que eu criei, a Maria, ela está em quase todos os meus contos e em quase todos ela se mata. Eu a vejo em cada linha desse texto seu, a mesma dor, a mesma solidão, a mesma vontade de sumir...
Parabéns, ficou ótimo!

Carolina Cristina disse...

Obrigada Victor! E onde estnao escondidos esses seus contos???

Victor Az disse...

Eu publiquei alguns deles lá no Facebook mesmo, como notas.

Bel Alves disse...

Totalmente profundo e doloroso...
Paz e bem