27 de maio de 2008

Essa é a primeira parte de uma série que estava escrevendo e que parei há muito tempo atrás. Com o nome de Toda sexta, a personagem da história contava um pouco sobre esse dia tão esperado pelas pessoas, e que às vezes não acaba como esperamos, ou melhores do que esperamos. Não sei ainda se irei continuar a escrever, mas vou deixar aqui um pouquinho do que já foi escrito.

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Toda sexta-feira tem algo para se fazer, certo? Quase certo. Ultimamente tenho sentido um desejo enorme de acreditar nisso! Aqui, em meu apartamento, computador ligado, o rádio tocando o melhor do soul e na varanda olhando a lua, fumando meu cigarro de menta, com um copo de vinho na mão e o pensamento nas estrelas. Acredito que toda sexta-feira possa ter um significado para mim, afinal depois de sair de uma cidade em que esse dia a única opção seja vagar pela avenida e gastar gasolina, hoje me sinto cansada demais para me divertir. O trabalho foi puxado, muitas matérias, muitas informações a serem passadas, que cheguei e o único exercício que consegui fazer foi preparar a janta!
Uma amiga ligou e me chamou para irmos a um barzinho, mas eu só queria é ficar quieta um pouco, pensando. Mais um gole de vinho. Mais um trago no cigarro. A música me embala e fecho os olhos. A lua parece conversar comigo, dizendo que sou sua amiga e que me ama da mesma maneira que a amo. Aquela ligação que nunca foi feita passa pela minha cabeça, aquele beijo que nunca foi roubado me atormenta até hoje, aquela conversa que adiei machuca meu coração!
O telefone toca e deixo a secretária eletrônica atender. Ela me ligando. Ela me atormentando. Sua voz misturada com a música que toca, me excita. Dois ingredientes infalíveis! Seu sussurro me derrete. Não atendo o telefone do mesmo jeito, deixo meu corpo sentir. Apenas sentir é o que quero fazer nesse momento. Mais um gole do vinho. Inebriante. Mais um trago no cigarro. Fumaça fazendo desenhos no ar. A leve brisa que acaricia meu rosto me estremece.
É assim que quero terminar minha noite: com essa brisa me acariciando, sua voz e a música me excitando, o vinho correndo pelo meu sangue, anestesiando-me, e o cigarro me fazendo viajar em sua fumaça desconexa. Fecho meus olhos e deixo meu corpo sentir. Sempre sentindo a beleza da noite, a beleza das pequenas coisas. Sentir como se fosse a primeira vez. Sempre.

3 comentários:

Luísa disse...

As sextas feiras do meu passado eram assim...pensamentos se atropelavam, desejos ficavam moribundos sem espaço para vingar nessa inércia de deixar o corpo caido numa noite de solidão...um dia aconteceu...bati com a porta à solidão, procurei o movimento e o ritmo foram ocupando o seu lugar...hoje as minhas sextas feiras são feitas de sonhos concretizados...hoje sou eu que escolho se quero a solidão, não mais é a solidão a escolher-me.
Um abraço.

O Desbunde disse...

Evoé Baco!!!!
minha sexta-feira é assim: cotidiana....
tristeza, solidão e um pouco mais: acompanhada por piedade...

Anônimo disse...

Olá Carolina!
Retribuindo a agradável visita... O título do blog é certeiro: Escrevo para não falar sozinha! Um pouco de cada um de nós, não é?!

Bem, cheguei a este post porque há pouco tempo também vivia a vida de que "toda sexta tem algo para se fazer". Hoje minha opção é o descanso e os pensamentos. Chega o dia em que a gente se cansa do algo para fazer... Quase sempre sem novidades (rs).

Nada melhor do que o aconchego de quem amamos e ponto.

Beijos, já faz parte dos complementos e seja bem-vinda!